O Pior Livro do Planeta

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Prometemos que, apesar de tudo, vale a pena a viagem… ou pelo menos umas boas gargalhadas!

Faça aqui o download do livro em formato digital. Esperamos sinceramente que o seu telemóvel ou computador… 

Afinal, trata-se do pior livro do planeta, escrito pelos piores alunos do mundo. Boa sorte — e não diga que não avisámos!


Destressa que passa!

Rubrica para dar cabo da saúde mental

DICA 1 - Conviver socialmente

Nada como um bom convívio para aliviar o peso da mente. Por isso, se alguém estiver em baixo, propõe-lhe uma atividade de grupo.... de preferência, física... de preferência, absurda. E, claro, inclusiva... daquelas inclusões em que ninguém pensou realmente em quem está a incluir.

Foi o que aconteceu quando, numa tentativa brilhante de promover o bem-estar coletivo, se lançou a proposta de fazer uma corrida de obstáculos. Excelente ideia. Corpo em movimento, serotonina aos saltos, espírito de equipa... Tudo certo... até chegar a sugestão ao João, que não tem uma perna... "Estás mesmo a falar a sério?"

No fundo, esta cena não revela apenas uma má aplicação da dica, mas algo mais profundo... a total incapacidade de ler o outro... uma espécie de cegueira emocional mascarada de entusiasmo social.

Conclusão (a verdadeira):

Quando alguém sugere uma corrida de obstáculos a uma pessoa com mobilidade reduzida, não está a promover saúde mental... está a demonstrar que não sabe conviver. Porque conviver socialmente não é atirar convites ao acaso, mas saber estar com o outro com presença, empatia e respeito. E isso, ironicamente, é o que mais falta em certas tentativas de "cura social".

DICA 2 - Ser flexível e aberto à mudança

Nos manuais de autoajuda e nos stories de motivação, repete-se até à exaustão... é preciso ser flexível... adaptável... um verdadeiro camaleão emocional, sempre pronto para mudar de rumo com leveza e gratidão. E há quem leve isto tão a sério que já se autoatribui o título de guru da elasticidade mental.

Foi o caso da "Zeca Manelina" que anunciou: "Eu sou super flexível e aberta à mudança."

A resposta veio, seca e certeira: "Claro, sim. Desde que nada mude."

E é aqui que se revela a essência da flexibilidade moderna... um conceito bonito, mas apenas teórico... Na prática, trata-se de estar aberto à mudança… desde que a mudança seja exatamente aquilo que já se esperava. Desde que não mexa em nada essencial, nem abale rotinas, nem desafie crenças, nem exija esforço... uma mudança confortável, domesticada, que não muda rigorosamente nada.

Conclusão (a verdadeira):

Dizer que se é aberto à mudança enquanto se recusa tudo o que realmente muda é como dizer que se nada maravilhosamente... em terra firme. A verdadeira flexibilidade exige desconforto, escuta e transformação... tudo aquilo que quem apenas "diz" ser flexível costuma evitar. E isso, curiosamente, é tudo menos estar preparado para mudar. É, no fundo, rigidez disfarçada de discurso moderno. Ou, como quem diz, inaptidão emocional com boa imagem de marca.

DICA 3 - Ter uma alimentação saudável

Porque, como toda a gente sabe, mente sã em corpo são... e nada diz "equilíbrio emocional" como uma folha de alface bem mastigada e uma garrafa de água filtrada com intenção.

Mas nem todos seguem a linha ortodoxa da salada zen.... A Maria Isabelina, por exemplo, descobriu a sua própria forma de bem-estar nutricional. Com um sorriso orgulhoso, contou que sempre que está deprimida come um hambúrguer... e não um qualquer... um bem carregado, com queijo a escorrer e batatas a acompanhar a tristeza.

Mas a verdadeira vitória vem agora... "Já só como cinco hambúrgueres por semana", disse, satisfeita. Um progresso digno de aplauso, se o objetivo fosse treinar o estômago para sobreviver a uma dieta de fast food emocional.

Neste caso, o hambúrguer não é só comida... é abraço, consolo, antidepressivo e recompensa... uma espécie de terapia em forma de pão com carne. Afinal, reprimir emoções é mau… mas cobri-las com maionese já é outra história.

Conclusão (a verdadeira):

Chamar a isto "alimentação saudável" é como chamar a um incêndio "ambiente com luz ambiente". Substituir o acompanhamento psicológico por ketchup e bacon não é bem autocuidado... é só um disfarce saboroso da fuga emocional. E fingir que isso é saúde mental revela mais do que maus hábitos... revela uma total incapacidade de lidar com o que se sente. A tal "dica saudável" torna-se, afinal, um sintoma, pois, no fundo, comer cinco hambúrgueres por semana para lidar com o stress é tudo, menos saudável, física ou mentalmente.

DICA 4 - Assumir a responsabilidade

Uma mente saudável começa na responsabilidade pessoal... aceitar os próprios atos... reconhecer os erros, ou, pelo menos, saber apontar bem o dedo ao outro enquanto se diz que se está a "assumir".

Foi exatamente esse o momento de iluminação protagonizado pela Gertrudes Fonseca, que, depois de ter dado um encontrão (com força de empurrão) a uma colega, foi confrontada pela Zeca Manelina:

— Mas por que é que bateste na menina?
— Porque ela teve culpa.... ela é que não se devia ter metido onde não era chamada.

E assim, num só fôlego, Gertrudes Fonseca reinventou o conceito de assumir a responsabilidade, transformando-o numa arte de culpar o outro com convicção. Ela não nega o ato... apenas o justifica com a naturalidade de quem está a explicar o funcionamento da gravidade.

Nesta lógica, "assumir" não é reconhecer a ação, mas encontrar uma boa desculpa para a manter. O erro não é bater... é o outro estar ali, a provocar involuntariamente a tua impulsividade.

Conclusão (a verdadeira):

Assumir a responsabilidade não é declarar que se bateu "porque a outra mereceu". Isso chama-se racionalização agressiva... ou, em linguagem mais direta, falta de maturidade emocional. Confundir justificações com consciência é como dizer que limpar o chão é empurrar a sujidade para debaixo do tapete... A Gertrudes Fonseca não assumiu nada... só demonstrou que, para algumas pessoas, o verdadeiro problema da responsabilidade é que dá demasiado trabalho... e pensar nisso… também.


DICA 5 - Aceitar que não se pode ter tudo sob controlo

A vida é imprevisível... e é exatamente por isso que há quem tente domá-la com marcadores de várias cores, tabelas em Excel e listas de tarefas plastificadas... porque se houver controlo absoluto, nada poderá correr mal — certo?

Foi com esta fé inabalável que Tonecas Planícrates, mestre da organização compulsiva, afirmou com segurança à Zéca Manelina:
— Se conseguir organizar tudo direitinho, nada dará errado.

A resposta da Zéca foi imediata...
— Claro, o universo adora fazer planos.

E é aqui que tudo se desmonta... porque a ideia de que o caos respeita horários, que os imprevistos seguem uma agenda ou que as emoções obedecem a post-its, é, no mínimo, otimista... no máximo, delirante!

Tonecas acredita que o mundo se dobra à lógica do planeamento rigoroso... que basta alinhar os detalhes para que a realidade colabore... que o controlo é segurança... e não uma armadilha mental disfarçada de competência.

Conclusão (desta vez com os pés na terra):

Ter rotinas ajuda... ter noção é essencial... mas acreditar que se pode evitar o erro, o fracasso ou a tristeza apenas com organização é como tentar segurar o vento com uma rede de pesca. Não é saúde mental... é ansiedade com boa caligrafia. O Tonecas não está a gerir a vida, está a tentar vencê-la à força. E isso, longe de mostrar equilíbrio, revela uma dificuldade profunda em aceitar a incerteza... porque sim... o universo ouve os teus planos… e ri.